sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Tela


abro as janelas brancas da minha casa azul

para receber a noite.

longos braços debruçados cá dentro.

gosto da brisa quieta da minha rua:

- olha! lá vai ela, fechando as portas das casas.

“trouxeste a chave”?


abro as janelas brancas

para ver as árvores na calçada

para ver o céu que a lua apaga

onde estarão os pássaros à noite?

ouço asas.


abro a minha casa azul

lá fora há olhos estranhos

aqui dentro estou eu:

fecho as janelas.

à noite, o mundo respira devagar...

cansado ou agradecido?



sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Como as páginas dos livros



Virar o folhetim do calendário
como quem vira a página de um livro


Deixar que a vida renasça
em todas as folhas dessa árvore co(m)texto


Fazer da página em branco
como faz a mão, no corpo do amante:
Amor na ponta dos dedos

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Morfologia

Palavra
Única, completa e pronta
À espera

Tropeça na sua Estrutura
Desestrutura-se
Significação fragmentada, fria
Em estado de dicionário

sexta-feira, 13 de junho de 2008

FELIZ

Essas últimas poesias postadas, Sê-lo e Luzir, ganharam menção honrosa no 4º Concurso de Poesia Zila Mamede, realizado em Natal.

Luzir

Aos que amam
há minha mão em concha,
Traga-me.
Dê-me.
Aceito um bocado.

Aos de sede
Água joga-se:
chuva
aguando
a espera solo
do barro derramado.

Sê-lo

Amor:
verbo de sangue
pulsando em mim,
tônico,
vermelho.

Pulso de mil átomos,
sóis girando...
Amando:
dias em amarelo claro.

Amada,
minha boca sorri
branca,
como a boca da lua que engole a noite.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Luzes




toda a minha visão,
todo o meu olhar,
todas as minhas mãos e pés
foram pra ti
que me fizeste luz
quando abri olhos

água, sal e terra
do mundo,
estou

pulso
no vermelho
do insone coração

abra os teus olhos
há luz em mim